De onde veio a tua ideia de fazer este livro? Qual era o intuito ao escrever o livro? Quais foram suas inspirações?
Eu sou autor de um livro que se chama “As aventuras de Ralf e Carlos no mundo da lua” lançado em 2021. Eu estava escrevendo o segundo livro deles quando tive o meu diagnóstico de TEA. Então resolvi incluir uma personagem que fosse autista. À medida que eu escrevia a história, enxerguei uma personagem em potencial e poderia ser a protagonista. Assim, surgiu o primeiro livro da “Dorotea, a Peixinha autista”. O intuito é passar mensagens de representatividade e de experiências de vida. Pois o caminho é bem difícil e acaba que esquecemos das nossas habilidade e potencialidades, tão descredibilizada durante a vida.
Como foi a sua história de descoberta do diagnóstico e como isso influenciou tua vida (sua experiência depois de diagnosticado)?
Durante a vida tive vários diagnósticos, mas eu não melhorava nunca, sempre busquei as respostas para o que eu sentia. Uma prima me disse que tinha uma personagem em um programa de TV que se parecia muito comigo. Eu me identifiquei muito e comecei a buscar especialistas em autismo para que pudesse confirmar ou não o meu diagnóstico. Comecei a estudar muito e tudo se encaixava. Uma vida inteira de buscas e as respostas foram assertivas. O diagnóstico foi libertador. Saber que tudo que eu passava tinha um motivo, um nome e uma forma de melhorar minha qualidade de vida, me deu a oportunidade de me entender e ver os meus limites e também de superá-los.
Tem muita gente que ainda acha que autismo é algo ou um fator limitante. O que você diria sobre isso?
Se a pessoa autista não tiver diagnóstico correto, tratamento adequado e adaptações necessárias para as suas dificuldades, sim, o autismo será limitante. As pessoas autistas tem habilidades específicas, os limitadores estão no ambiente, e a lei brasileira de inclusão traz, em seu texto, que precisamos retirar as barreiras de acessibilidade para que todos possamos viver em equidade. Se a inclusão fosse efetiva, não seria um limitador.
Por que você acha importante as pessoas lerem teu livro? A escrita para você é uma forma de interagir com o mundo? Na sua opinião, escrever pode ter função terapêutica?
O livro traz muitas informações importantes sobre TEA e sobre como nos sentimos em situações do dia-a-dia. Acho fundamental a leitura do livro para que o autista se sintam representados e também para que a sociedade compreenda e seja mais empática com a pessoa autista.
Sem dúvida, a escrita é uma forma de eternizar nossos pensamentos, nossos estudos e deixar aqui registrados nossa forma de viver e ver o mundo.
Toda arte tem função terapêutica. Escrever, por muitas vezes, foi um desabafo de tudo o que eu vivia.
Do ponto de vista pedagógico você acredita que o livro faz parte da literatura que ensina? O livro está dentro do universo de literatura de identificação e representatividade? Eu acredito que sim e gostaria de saber se vc acredita que a literatura tem poder de transformar realidades (Até pra tentar lutar contra o preconceito e o cerceamento da espontaneidade de alguém com o espectro)?
Sim, o livro ensina, amor, empatia, o poder da amizade, respeito e, principalmente, ensina sobre autismo. Além de todo o trabalho que fizemos dentro destes pontos, o mais emocionante de todos foi a representatividade. Ver as crianças se identificando como autistas, foi uma experiência incrível. Concomitante com isso, vimos crianças falando com orgulho que seus amigos eram autistas, falando até situações desagradáveis que aconteciam, mas com respeito e podíamos ir explicando de forma muito cuidadosa, o que eram aqueles comportamentos “ruins” que o amigo apresentava.
Eu interpreto que o livro discute muito a inclusão, que seja falada, pensada e discutida. É isso mesmo? Ou tem muito mais por trás? 😍
Discute o respeito ao outro, a diversidade de todos nós. A primeira coisa que falamos quando chegamos nas escolas para ler o livro é que somos todos diferentes e é isso que nos torna belos, únicos! Como diz minha amiga Daniele Muffato “Todos nós somos diferentes, A nossa beleza está nessas diferenças. Porque são elas que nos tornam únicos” e acho que isso resume muito do que queremos passar.
Como você caracterizaria a sua escrita em DoroTEA ?? Na bio do instagram tem a informação “sou autista AH/ SD – TPS – TH” poderia me auxiliar nas siglas? Além do instagram, voce tem algum blog para eu te acompanhar?
É uma literatura infantil em rimas. Autista, Altas Habilidades e Super Dotação e Transtorno de Humor. Em 2023 entramos com todas as mídias, podcast, sites e blog no ar!
Gostaria de saber de livros em que há ilustrações suas. Assim como os que têm Aquarelas, colagens, xilogravuras, pinturas, poemas, histórias…
Eu já tenho mais de 40 livros ilustrados. Todo o meu trabalho pode ser acompanhado pelo Instagram @brunogrossibege e no @begearte
Já teve pessoas que escreveram sobre o livro 1? Em artigos ou uma escrita livre mesmo. Se sim, quem?
Não que eu saiba. A ASPAS, Associação Pró-Autistas, vem usando as tirinhas e partes do livro como forma de conscientização e também para explicar características do autismo para profissionais e pais. Isso tem um impacto muito grande na formação das pessoas, porque desmistifica muito do que as pessoas pensam sobre o autismo.
A rede de amizade e de solidariedade desperta na Tetea a capacidade de sair do confortável espaço individual e assim romper limites e obstáculos do espectro em busca de independência e liberdade, além de seu potencial para ajudar os amigos??
Sim, ela enfrenta os medos por causa dos amigos. Ela sabe que aquilo terá consequências para ela, mas se esforça para que possa ajudar os outros, pois eles também os ajudam. No próximo livro, que será lançado agora em dezembro, ela enfrenta muitos desafios, porque eles vão além do que ela vivenciou no livro anterior, falaremos sobre bullying, questões sensoriais, crise e mostrando que o autista pode ser e estar onde ele quiser.
Qual sua profissão?
Eu sou escritor e ilustrador de livros infantis.
Sou Graduado em Comunicação pelo Uni-BH (2005), Pós-graduado em Processos Criativos em Palavra e Imagem pela Puc-Minas (2007), Pós-graduado em Arteterapia (2023) e faço Pós-graduação em Educação Inclusiva com Ênfase em Transtornos Globais de Desenvolvimento (TGD) e Altas Habilidades (2024).
Trabalho com literatura, artes visuais e design gráfico e digital. Já escrevi 6 livros com um total de vendas de 45 mil livros.
Como ilustrador, tenho mais de 50 publicações entre livros infantis e cartilhas. Exponho meus trabalhos de arte em várias cidades do país.
Quais são os responsáveis pela criação da personagem DoroTEA e das histórias que a envolvem?
A Peixinha foi criada em setembro de 2021 após o recebimento do meu laudo, mas o diagnóstico veio em 2018.
O projeto foi criado por mim, antes de eu conhecer a Dani. quando lancei o primeiro livro ela começou a me ajudar na produção. Isso aproximou muito a gente e nos tornamos muito amigos. Como ela tem uma bagagem enorme sobre o assunto e ainda por cima foi diagnosticada com TEA também, aproveitei para chamá-la a escrever o segundo livro comigo. Sentamos em um café e escrevemos juntos pagina por pagina. Assim temos o livro 01 que se chama “DoroTEA – A Peixinha Autista” (2021) escrito e ilustrado por mim, Bruno Grossi Begê e o livro 02 “DoroTEA Enfrentando os seus Medos” (2022), esse escrito em parceria com a Daniele Muffato. O Terceiro livro é “ Dorotea, uma autista na escola” (2024).
Como surgiu a ideia para a criação desse projeto de inclusão?
Eu sou autor de um livro que se chama “As aventuras de Ralf e Carlos no mundo da lua” lançado em 2021. Eu estava escrevendo o segundo livro deles quando tive o meu diagnóstico de TEA. Então resolvi incluir uma personagem que fosse autista. À medida que eu escrevia a história, enxerguei uma personagem em potencial e poderia ser a protagonista. Assim, surgiu o primeiro livro da “Dorotea, a Peixinha autista”. O intuito é passar mensagens de representatividade e de experiências de vida. Pois o caminho é bem difícil e acaba que esquecemos das nossas habilidade e potencialidades, tão descredibilizada durante a vida.
Qual o objetivo do projeto?
A ideia de criar um livro infantil sobre uma personagem autista é explicar de uma forma lúdica e leve o nosso comportamento e as nossas dificuldades, para que de alguma forma a sociedade possa nos entender melhor.
No primeiro livro, a DoroTEA, que é uma pessoa autista, mostra toda a dificuldade dela em relação a conhecer pessoas novas, fazer amigos entre outras características, mas mostra também toda sua parte boa e como ela pode ser uma ótima amiga e que podem contar com ela para o que der e vier.
Assim, como no primeiro livro, eu percebi a importância de se ter amigos em nossa vida para enfrentar nossos medos e nossos desafios. Com isso, chamei a Dani para escrever o segundo livro comigo e foi algo mágico, pois ela se descobriu autista e a vivência dela é muito diferente da minha e a gente acabou descobrindo que um é suporte do outro.
Daí o nome do livro, Enfrentando os seus Medos, é a representação de que somos colocados a prova a todo momento, mas que junto com os amigos a gente consegue enfrentar e mostrar todas as nossas habilidades e tudo que temos de melhor.
Este objetivo vem sendo cumprido?
Com certeza, nós temos muitos retornos de leitores que se identificaram com a personagem. Muitas mães contam que não sabiam como contar para seus filhos que eles são autistas e ao ler o livro para elas eles comentaram “Mão mas como ela sabe exatamente o que eu penso?” ou “Nossa, eu quero ser como a Peixinha DoroTEA”. Isso é representatividade, é tudo que a gente quer. Então, sim. Objetivo cumprido.
Quantos livros já foram produzidos até o momento?
Do livro 01 que é “DoroTEA a Peixinha Autista já fizemos 3 mil unidades e vendemos 2.100 livros.
Do livro 02 que é “DoroTEA Enfrentando os seus medos” Fizemos 1 mil unidades e já vendemos 900 livros, vamos imprimir mais mil agora.
O livro 03 que é “DoroTEA, uma autista na escola” produzimos 1 mil unidades
Há algum novo lançamento? Se há, poderia nos contar um pouco sobre ele?
Sim. Estamos lançando o terceiro livro.
Mergulhe também na emocionante história de “DOROTEA, UMA AUTISTA NA ESCOLA”, um conto vibrante de coragem, inclusão e amizade no fundo do mar azul.
Acompanhe DoroTEA, a peixinha autista, e seus amigos únicos enquanto enfrentam juntos os desafios da diversidade na escola. Descubra como o poder da amizade e a celebração das diferenças transformam uma comunidade escolar inteira, mostrando que todos têm algo especial a oferecer.
“DOROTEA, UMA AUTISTA NA ESCOLA” é uma inspiração para leitores de todas as idades, provando que a verdadeira magia acontece quando abraçamos quem realmente somos.
Como as pessoas podem adquirir os livros?
Através das redes sociais @peixinhadorotea ou pelo nosso whatsapp (32) 99862-7496
Qual a importância da representatividade promovida por DoroTEA e pelo projeto como um todo?
A própria representatividade. Ter uma personagem autista como protagonista verdadeira sem ser estereotipada não é muito mostrado.
Os lucros adquiridos com a venda dos livros vão para algum projeto específico?
Muitas pessoas não conseguem ver o trabalho artístico como forma de trabalho e de sustento. Somos pessoas autistas que não conseguiram entrar no mercado de trabalho corporativo e que tiveram muita dificuldade durante a vida trabalhando para as outras pessoas. Então, esse projeto, é o nosso serviço, nosso trabalho e nossa renda para pagar as contas e ter o mínimo de dignidade para sobreviver e também para mostrar que a gente é capaz. Então os lucros, que não são muitos, é a nossa renda.
Há algo que queira acrescentar?
Acreditem no potencial das pessoas. Sejam empáticos, solidários e inclusivos.
1- Qual a importância do Dia de Conscientização do Autismo tanto para você quanto para a comunidade autista em geral?
O Dia de Conscientização do Autismo, observado em 2 de abril, é vital tanto para pessoas autistas quanto para a comunidade autista em geral, por várias razões:
Promove a Compreensão: Ajuda a disseminar informações precisas sobre o espectro autista, desmistificando estereótipos e promovendo uma melhor compreensão das vivências autistas.
Inclusão Social: Aumenta a conscientização sobre a necessidade de criar ambientes inclusivos e acessíveis que respeitem as diferenças e valorizem as contribuições das pessoas autistas.
Apoio e Solidariedade: Fortalece a solidariedade entre famílias, profissionais e indivíduos autistas, promovendo redes de apoio que são cruciais para o bem-estar e desenvolvimento.
Defesa de Direitos: Ressalta a importância da advocacia pelos direitos das pessoas autistas, incentivando políticas públicas e práticas que assegurem sua plena participação na sociedade.
Celebração da Neurodiversidade: Reconhece e celebra a diversidade neurocognitiva como uma expressão valiosa da condição humana, encorajando a aceitação e o respeito pelas diferenças.
Em resumo, o Dia de Conscientização do Autismo é uma oportunidade crucial para promover a conscientização, inclusão e respeito, contribuindo significativamente para o bem-estar das pessoas autistas e para a construção de uma sociedade mais justa e empática.
2- Quais são os principais mitos que cercam o autismo e como podemos desmistificá-los?
O autismo é cercado por vários mitos que podem gerar mal-entendidos e estigmatização. Abordar esses mitos com informações baseadas em evidências é essencial para promover a compreensão e aceitação. Aqui estão alguns dos principais mitos e as realidades para desmistificá-los:
Mito: Todas as pessoas autistas têm habilidades excepcionais ou são ‘savants’.**
– Realidade: Embora algumas pessoas autistas possam ter habilidades notáveis em áreas específicas, a maioria tem uma gama de habilidades variadas, assim como a população em geral. A ideia do “gênio autista” é uma supergeneralização e não representa a diversidade do espectro autista.
Mito: O autismo é causado por vacinas.
– Realidade: Estudos científicos amplos e rigorosos demonstraram que não há ligação entre vacinas e o autismo. Esse mito foi desacreditado, e manter as crianças vacinadas é vital para a saúde pública.
Mito: Pessoas autistas não querem fazer amigos ou são antisociais.
– Realidade: Muitas pessoas autistas desejam ter amizades e conexões sociais, mas podem enfrentar desafios na comunicação e interação social. Com apoio e compreensão, podem desenvolver relacionamentos significativos.
Mito: O autismo afeta apenas crianças.
– Realidade: O autismo é uma condição neurológica ao longo da vida. Crianças com autismo tornam-se adultos com autismo. Embora os sintomas possam mudar com a idade, a necessidade de apoio e compreensão continua.
Mito: O autismo pode ser curado.
– Realidade: Não há “cura” para o autismo, e essa perspectiva pode ser prejudicial, pois implica que o autismo é uma doença que precisa ser erradicada. Em vez disso, o foco deve estar no apoio e na aceitação, permitindo que pessoas autistas vivam vidas plenas e significativas.
Mito: O autismo é o resultado de práticas parentais ruins.
– Realidade: O autismo é uma condição neurológica com bases genéticas e biológicas. Não é causado por práticas parentais. Culpar os pais é injusto e não tem base científica.
Para desmistificar esses mitos, é crucial promover a educação baseada em evidências, compartilhar histórias e experiências de pessoas autistas e suas famílias, e criar ambientes inclusivos e aceitáveis que valorizem a neurodiversidade. A conscientização e a compreensão são chaves para uma sociedade mais inclusiva.
3- Considerando o mercado de trabalho, quais são os principais desafios enfrentados pelas pessoas autistas e como podemos promover uma maior inclusão e oportunidades para elas?
Pessoas autistas enfrentam vários desafios no mercado de trabalho, que podem ser mitigados através de esforços conscientes para promover inclusão e igualdade. Aqui estão alguns dos principais desafios e estratégias para superá-los:
Desafios:
- 1. Barreiras na Contratação: Processos de entrevista tradicionais podem não capturar adequadamente as habilidades e competências de candidatos autistas, especialmente devido a desafios com habilidades sociais e de comunicação.
- Sensibilidade Sensorial: Ambientes de trabalho comuns podem ser desafiadores para algumas pessoas autistas devido a sensibilidades sensoriais, como luzes fluorescentes, ruídos de escritório, ou odores fortes.
- 3. Falta de Compreensão ou Conscientização: Colegas de trabalho e empregadores podem não entender as necessidades específicas ou os pontos fortes das pessoas autistas, levando a mal-entendidos e, em alguns casos, discriminação.
- Dificuldades de Adaptação Social: A interação social no ambiente de trabalho, incluindo a dinâmica de equipe e as expectativas sociais não escritas, pode ser difícil para pessoas autistas.
Estratégias para Promoção da Inclusão:
- 1. Processos de Contratação Adaptáveis: Empregadores podem modificar processos de contratação para serem mais inclusivos, como fornecer perguntas com antecedência, permitir respostas escritas, ou considerar períodos de experiência prática em vez de entrevistas formais.
- 2. Acomodações no Local de Trabalho: Fornecer acomodações razoáveis, como fones de ouvido com cancelamento de ruído, iluminação ajustável, espaços de trabalho flexíveis, e horários de trabalho flexíveis, pode ajudar a criar um ambiente mais confortável para pessoas autistas.
- Educação e Treinamento de Conscientização: Programas de treinamento para colegas de trabalho e gestores sobre autismo e neurodiversidade podem promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e empático.
- Suporte e Mentoria: Oferecer suporte estruturado, como mentoria ou coaching, pode ajudar pessoas autistas a navegar desafios sociais e profissionais, além de promover o desenvolvimento de carreira.
- Valorização de Diversos Talentos: Reconhecer e valorizar os pontos fortes únicos que pessoas autistas trazem para o ambiente de trabalho, como atenção ao detalhe, forte foco, e habilidades de resolução de problemas, pode melhorar a inovação e a eficácia organizacional.
Promover a inclusão de pessoas autistas no mercado de trabalho não apenas ajuda a superar desigualdades, mas também enriquece o ambiente de trabalho com diversidade de pensamento e inovação. Empresas e organizações que adotam práticas inclusivas tendem a se beneficiar de uma força de trabalho mais diversificada, engajada e produtiva.
1- Qual a importância do Dia de Conscientização do Autismo tanto para você quanto para a comunidade autista em geral?
O Dia de Conscientização do Autismo, comemorado em 2 de abril, representa um momento crucial de reflexão e ação para indivíduos autistas e a comunidade em geral. Ele desempenha um papel fundamental na promoção de uma compreensão mais profunda sobre o espectro autista, ajudando a desfazer mitos e estereótipos que cercam a condição. Além disso, esta data enfatiza a importância da inclusão social, destacando a necessidade de desenvolver ambientes que sejam verdadeiramente acolhedores e que reconheçam as valiosas contribuições de pessoas autistas em nossa sociedade.
Mais do que isso, o Dia de Conscientização do Autismo serve como um lembrete da importância da solidariedade, do apoio mútuo entre famílias, profissionais e pessoas autistas, e da luta contínua pelos direitos das pessoas autistas. Celebrando a neurodiversidade, o dia nos convida a respeitar e valorizar as diferenças como partes essenciais da tapeçaria humana. Portanto, é uma oportunidade para avançarmos em direção a uma sociedade mais inclusiva e empática, onde todas as pessoas, independentemente de suas diferenças neurológicas, possam florescer.
2- Quais são os principais mitos que cercam o autismo e como podemos desmistificá-los?
O autismo é frequentemente mal compreendido, cercado por mitos que podem levar à estigmatização e ao isolamento. É crucial destacar que as ideias equivocadas, como a de que todas as pessoas autistas são savants com habilidades excepcionais, ou que o autismo é causado por vacinas, não apenas carecem de fundamento científico, mas também prejudicam seriamente o entendimento público sobre o espectro autista. A realidade é que o autismo é uma condição neurológica diversa, que varia amplamente de pessoa para pessoa. Importante mencionar também que pessoas autistas desejam e são capazes de formar amizades e conexões sociais significativas, quando recebem o apoio e a compreensão necessários.
Desfazer esses mitos é um passo fundamental para promover uma sociedade mais inclusiva e acolhedora para pessoas autistas. A educação baseada em evidências, o compartilhamento de histórias pessoais de autistas e suas famílias, e a promoção de ambientes inclusivos são estratégias essenciais para alcançar esse objetivo. O autismo não é uma condição que necessita de cura, mas sim de compreensão e aceitação. Ajudar a sociedade a compreender que o autismo é uma parte integrante da neurodiversidade humana é vital para garantir que todas as pessoas, independentemente de suas diferenças neurológicas, sejam valorizadas e possam contribuir plenamente para a comunidade.
3- Considerando o mercado de trabalho, quais são os principais desafios enfrentados pelas pessoas autistas e como podemos promover uma maior inclusão e oportunidades para elas?
Pessoas autistas enfrentam desafios específicos no mercado de trabalho, incluindo barreiras na contratação e dificuldades de adaptação ao ambiente de trabalho devido a sensibilidades sensoriais e necessidades de comunicação particulares. Estes desafios são muitas vezes exacerbados pela falta de compreensão e conscientização por parte de empregadores e colegas. No entanto, é possível e essencial superar essas barreiras através de estratégias inclusivas que reconheçam e valorizem a contribuição única que indivíduos autistas podem oferecer. Ajustes nos processos de contratação, acomodações no local de trabalho, programas de treinamento de conscientização sobre o autismo e suporte contínuo são medidas eficazes para criar um ambiente de trabalho mais acolhedor e produtivo para todos.
Promover a inclusão de pessoas autistas no mercado de trabalho beneficia não apenas os indivíduos envolvidos, mas também as organizações, enriquecendo a força de trabalho com uma diversidade de pensamentos e soluções inovadoras. A adoção de práticas inclusivas reflete um compromisso com a diversidade e a igualdade, elementos fundamentais para o sucesso e a inovação no ambiente de trabalho contemporâneo. Ao investir em ambientes de trabalho inclusivos, estamos dando passos importantes para garantir que todas as pessoas, independentemente de suas diferenças neurocognitivas, tenham a oportunidade de contribuir plenamente para a sociedade e alcançar seu potencial máximo.
4- Como você enxerga o papel das redes de apoio e recursos para as famílias de pessoas autistas, e quais são os recursos mais essenciais que você recomendaria?
Redes de apoio e recursos são fundamentais para as famílias de pessoas autistas, atuando como pilares no fornecimento de informações confiáveis, suporte emocional e estratégias práticas de enfrentamento. Essas redes, sejam formadas por grupos de apoio de pares, organizações especializadas, ou até recursos online, oferecem um espaço vital para compartilhamento de experiências e aprendizado mútuo. Eles não apenas ajudam a aliviar o estresse e a ansiedade que podem acompanhar o cuidado de uma pessoa autista, mas também promovem uma sensação de comunidade e pertencimento, crucial para combater o isolamento que algumas famílias podem sentir.
Entre os recursos mais essenciais, eu destacaria o acesso a profissionais qualificados, como terapeutas e educadores especializados, que podem oferecer orientações personalizadas e estratégias de intervenção adequadas. Informações e treinamentos sobre o autismo, disponíveis através de cursos, workshops, ou materiais online confiáveis, também são cruciais para capacitar famílias com conhecimento e ferramentas práticas. Além disso, recomendaria o envolvimento em redes sociais e grupos de apoio que podem fornecer apoio emocional e experiencial. Esses elementos juntos formam uma base sólida que pode significativamente melhorar a qualidade de vida das pessoas autistas e de suas famílias.
5-Quais são algumas abordagens eficazes para garantir uma educação inclusiva para crianças autistas?
Garantir uma educação inclusiva para crianças autistas exige uma abordagem multifacetada que respeite suas necessidades individuais enquanto promove um ambiente de aprendizado acolhedor e acessível. Uma estratégia fundamental é a personalização do ensino, que inclui a adaptação de currículos, a implementação de métodos de ensino diferenciados e o uso de tecnologias assistivas. Isso permite que crianças autistas participem de atividades educacionais de maneira significativa, respeitando seu ritmo de aprendizagem e preferências. Além disso, o treinamento especializado para educadores sobre o espectro autista e estratégias de ensino inclusivas é essencial. Professores capacitados estão melhor equipados para identificar e atender às necessidades únicas de seus alunos autistas, promovendo um ambiente de respeito, compreensão e apoio.
Outro aspecto crítico é a colaboração contínua entre escolas, famílias e profissionais da saúde. A comunicação eficaz e o compartilhamento de informações entre todos os envolvidos no processo educacional da criança autista são vitais para criar planos de ensino personalizados e abordagens de intervenção coerentes. Além disso, promover a conscientização e a aceitação entre os pares não autistas por meio de programas de sensibilização contribui para um ambiente escolar inclusivo e empático. Ao adotar essas abordagens, podemos assegurar que crianças autistas não apenas acessam a educação de qualidade, mas também se sentem valorizadas e inclusas em suas comunidades escolares.